tripas, 2010
tripas, 2010
parafina, peças de roupa e balança, 65cm x 30cm (aproximadamente)
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guts, 2010
paraffin, clothes and a scale, 65cm x 30cm (approximately)
Para existir basta abandonar-se ao ser
mas para viver
é preciso ser alguém
e para ser alguém
é preciso ter um OSSO,
é preciso não ter medo de mostrar o osso
e arriscar-se a perder a carne.
O homem sempre preferiu a carne
à terra dos ossos.
Como só havia terra e madeira de ossos
ele viu-se obrigado a ganhar sua carne,
só havia ferro e fogo
e nenhuma merda
e o homem teve medo de perder a merda
ou antes desejou a merda
e para ela sacrificou o sangue.
Para ter merda,
ou seja, carne
onde só havia sangue
e um terreno baldio de ossos
onde não havia mais nada para ganhar
mas apenas algo para perder, a vida.
— Antonin Artaud, 1948.
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“To exist one need only let oneself be,
but to live,
one must be someone,
to be someone,
one must have a BONE,
not be afraid to show the bone,
and to lose the meat in the process.
Man has always preferred meat
to the earth of bones.
Because there was only earth and wood of bone,
and he had to earn his meat,
there was only iron and fire
and no shit,
and man was afraid of losing shit
or rather he desired shit
and, for this, sacrificed blood.
In order to have shit,
that is, meat,
where there was only blood
and a junkyard of bones
and where there was no being to win
but where there was only life to lose”
Antonin Artaud