Sala de Exercícios, 2016

Sala de Exercícios, 2016
Instalação composta por vídeo, ilustrações de exercícios, objetos e performance.
Dimensões variadas
Participação: Sheila Lima
SESI São José dos Campos – Brasil

O trabalho “Sala de exercícios” é uma instalação composta por vídeo, ilustrações de exercícios, objetos e performance. Nele eu realizo uma série de aulas abertas ao público nas quais proponho um conjunto de atividades individuais e em dupla onde as regras derivam do padrão de forma, força e resistência do meu próprio corpo ou da minha relação com outro corpo e objeto.

Após o término de cada ação, as regras dos exercícios são alteradas por mim, que insiro novos dados e detalhes do meu comportamento e da relação do meu corpo no momento da ação, desta forma, complexificando exercícios aparentemente simples e de fácil execução, ou tornando quase impossível a repetição do mesmo gesto obedecendo todas as regras.

Todas as ações são gravadas, editadas na forma de vídeo-aula com o passo-a-passo para a realização dos exercícios e, depois, reproduzidas numa TV de tubo de 14 polegadas no centro do espaço da instalação.

Sala de exercícios, 2016 – Por Ananda Carvalho – Texto curatorial

Elen Gruber convida a todos para participar de sua Sala de exercícios. Neste ambiente que remete a uma academia, a artista propõe uma série de atividades individuais e em dupla que derivam do padrão de forma, força e resistência de seu próprio corpo ou da sua relação com outro corpo. Considerando que os visitantes da exposição experimentam uma atividade física inventada pela artista e que não é encontrada em espaços esportivos, este trabalho provoca uma discussão sobre a competição, os limites e as possibilidades (ou as tentativas) de estabelecimento de relações pessoais e sociais.

Em Sala de exercícios, o convite ao público ocorre através de instruções disponibilizadas em uma televisão que exibe uma performance editada como uma espécie de vídeo-aula e em cartazes com desenhos que explicam como realizar os exercícios. Esses cartazes também evidenciam as tentativas da artista de praticar tais ações e como estas foram sendo alteradas a partir de suas repetições que ocorrem desde janeiro de 2015. Sob esse viés, Sala de exercícios procura desenvolver dispositivos de ativações processuais: experimenta o espaço da galeria para algo que é construído em movimento, na medida em que desloca o público do seu lugar passivo da contemplação.

Este trabalho emerge com o início de uma nova fase nas produções de Elen Gruber, em que a artista passa a elaborar proposições performativas que só acontecem com a participação do outro (como em A grande honra ao mérito). Nesta convocação dos participantes, espera-se que Sala de exercícios seja vivenciada a partir das “marcas” (visíveis e invisíveis) de cada um. As “marcas” – que dão título a essa exposição – emergem no desejo de atingir um resultado (mesmo hipotético), na percepção dos traços que caracterizam e distinguem o outro, na desconstrução do que poderia ser um padrão, na proposição de formatos inventados, na revelação daquilo que pode ser específico, mas que pode ser colocado em relação.

Ananda Carvalho
Curadora e crítica de arte

[The “Exercise Room” work is a composite of a video installation, exercise illustrations, objects and performance. Here, I realize a series of classes open to the public in which I propose a set of activities as an individual but also in tandem with another performer. The rules of these exercises are derived from the standard form, and relate to the strength and endurance of my body and to my relationship with another body and object.]

Curatorial text about the installation Sala de exercícios

Elen Gruber invites all viewers to participate in her Sala de exercícios (Exercise Room). In this gym-like environment, the artist proposes a series of activities, both individual and in pairs, that stem from the pattern of shape, strength and resistance of her own body or from her relationship with another body. Considering that visitors experience a physical activity invented by the artist and that cannot be found in regular sports areas, this work raises a debate on competition and on the limits and possibilities—or attempts—of establishing personal and social relationships.

In Sala de exercícios, viewers are invited through instructions made available on a television set showing a performance edited as a video class and in posters with drawings explaining how the exercises must be performed. The posters also show the artist’s attempts at performing the actions and how they have changed throughout its iterations, which have been occurring since January 2015. Under this perspective, Sala de exercícios is an attempt at developing devices for processual activation: it experiments with the gallery space for something that is built-in motion, as it displaces viewers from their passive place of contemplation.

This work emerges with the beginning of a new period in Elen Gruber’s production, in which the artist now elaborates performative propositions that only take place with the participation of another—such as in the work A grande honra ao mérito (The Great Merit Award). By inviting participants, Sala de exercícios is expected to be experienced from the “marks” (both visible and invisible) of each one. The “marks”—that give the exhibition its title—emerge in the intention of achieving a result—although hypothetical—, in perceiving the traces that characterize and distinguish the other, deconstructing what could be a pattern, proposing invented formats, and revealing what may be specific but can exist within a relationship.

Ananda Carvalho